





Construção em terra crua
A construção de terra crua revela as seguintes vantagens
● Permeabilidade à radiação solar.
● Durabilidade; pela sua constituição o solo não entra em ciclos de degeneração.
● Regulador térmico
● Isolamento térmico
● Regulador higroscópico
● Ausência de toxicidade
● Recurso renovável, abundante e local
● Ausência de electricidade estática
● Absorção de odores e dissolução de gorduras
A construção em terra crua, mais do que uma solução ecológica, é uma técnica construtiva que não necessita de mão-de-obra especializada. Sendo a auto-construção a solução lógica em países onde a maioria da população não detém recursos económicos que permitam aceder a um alojamento digno.
ABRIGO DE EMERGÊNCIA
Aproximadamente 1/3 dos povos do mundo vive em casas construídas com terra, e a maioria das cidades e das vilas foram erguidas praticamente em construções terra. Hoje, a crescente consciência das populações sobre o uso de recursos naturais, associado às recentes alterações climatéricas, levou a uma preocupação consciencializada dos intervenientes no acto da construção.
Uma aproximação nova aos sacos de areia... As guerras, os desastres naturais, fogos e uma vasta quantidade de desaires que golpeiam o nosso planeta, deixam infelizmente um número infinito de populações sem o acesso a uma habitação digna. É de considerar que a pobreza também é um factor condicionante do tipo de habitação. Como é do conhecimento geral se a habitação ou a habitabilidade condiciona ou tem grande influência no modo de vida das comunidades, e é neste sentido que é imperativo fazer algo que tenha tendência a inverter a presente situação, principalmente em países em vias de desenvolvimento, e com escassos recursos económicos ou técnicos.
A pesquisa, tem como base a eleição de uma técnica arquitectónica, e que esta assente em três pontos fulcrais:
● Economicamente viável (menos de 1 euro por m2)
● Tecnicamente fácil de executar ( que dispense mão-de-obra qualificada)
● Ecologicamente sustentável
O “superadobe” ou “adobe-ensacado” ( que adiante será designado com a abreviatura AE), é a técnica que mais se adequa aos três pontos acima descritos, pelo que ainda para além destas vantagens tem a particularidade de puder ser utilizado qualquer tipo de solo, seja ele de carácter arenoso ou argiloso, pelo que as restantes técnicas de construção em terra-crua estão sempre condicionadas na sua execução pelo tipo de solo a utilizar. Na sua génese mais simples o AE,poderá ser uma simples forma de reciclar resíduos dos produtos agrícolas como os sacos do adubo ou das rações que na sua maioria são em polipropileno, podendo ainda minimizar o impacto no ambiente pela redução das emissões de Co2 pela queima dos mesmos após a sua utilização.
O poder devastador dos grandes sismos tem sido demonstrado de forma repetida e continuada ao longo do tempo. O sismo de 1755 em Lisboa que provocou cerca de 30.000 mortos e o sismo recente (Dezembro de 2004) a oeste de Sumatra, que provocou mais de 280.000 mortos, são exemplos conhecidos de cenários catastróficos associados a magnitudes muito elevadas. No entanto, o sismo de Bam em 2003 terá conduzido a mais de 26.000 mortos e à destruição praticamente completa de uma cidade património mundial, para uma magnitude moderada. A razão mais importante para a ocorrência desta calamidade foi uma qualidade de construção inadequada, baseada em deficientes concepções estruturais e execução, com recurso a diferentes materiais e incluindo um uso de terra.
Para além do seu baixo custo e do seu processo tecnológico simples, a arquitectura de terra possui características térmicas e acústicas excelentes. No entanto, as construções em terra são particularmente vulneráveis a fenómenos naturais tais como sismos, chuva e inundações. A construção tradicional em terra possui uma resposta fraca à acção sísmica sofrendo danos severos ou colapso total, e causando a perda de vidas humanas e bens. A deficiência sísmica é provocada pelo elevado peso das construções, a reduzida resistência mecânica e o comportamento frágil.
As características mais importantes para melhorar a resistência sísmica de uma construção em terra são as seguintes : a)escolha adequada dos materiais (solo, areia, palha e, eventualmente uma armadura); (b) a presença do nível freático a profundidade adequada; c)a boa qualidade da execução; d)a definição de uma solução estrutural robusta. Como recomendações gerais, sugere-se que se construam casas de apenas um piso em Portugal, que a cobertura seja o mais leve possível (se não acessível) ou que seja executado com recurso a abóbadas (se acessível), e que a fundação seja firme. A cobertura deve estar sempre convenientemente ligada às paredes.
A EA é um tipo de arquitectura muito mais rápido de executar do que os tradicionais tijolos de adobe, pelo motivo de não ser necessário de secar os tijolos individualmente, e não são de maneira alguma edifícios de carácter provisório, pelo que uma das vantagens as mais significativas de uma estrutura abobadada, é o seu desempenho nos terremotos. É difícil projetar estruturas convencionais que possam suportar stresses do terremoto, sendo ainda mais difícil aceitar que uma estrutura monoliótica tenha um comportamento de extraordinariamente eficaz no que diz respeito a este tipo de desaires.
A formação das populações ou de construtores locais, passaria por uma breve formação inicial, como o exemplo do trabalho desenvolvido pelo Arquitecto Miguel Mendes em Mumemo, distrito de Marracuene, província de Maputo, Moçambique, onde a sua pesquisa assentou na formação das populações locais, em matéria de construção tradicional. Ao contrário da arquitectura tradicional, o AE tem a vantagem de poder ser implantado em qualquer tipo de local, pelo que este não está dependente do tipo de solo utilizado na sua construção. É neste contexto que é proposto para formação das populações locais uma formação rápida que assente neste tipo de estrutura simplificada.